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Com velhos conhecidos, Icasa busca retornar aos tempos de glória

Com velhos conhecidos, Icasa busca retornar aos tempos de glória

Em 2013, o Icasa ficou próximo da Série A. Na foto, Toinho, tradicional mascote do clube, que faleceu em 2019 - Fotos: Lucas de Menezes 23/11/2013
Sob o comando do experiente Flávio Araújo e de dirigentes que tiveram sucesso no clube no passado, equipe do Cariri tem projeto para voltar à primeira divisão do futebol cearense em 2021. Com uma derrota por 4 a 2 para o Caucaia, no Estádio Presidente Vargas, em Fortaleza, no último dia 6 de junho, o Icasa se despedia nas quartas de final do Campeonato Cearense da Série B. Assim, o Verdão do Cariri terminou sua terceira participação consecutiva na segundona estadual, com campanha abaixo do seu conterrâneo Campo Grande, clube de Juazeiro do Norte que se profissionalizou apenas em 2015. 

Agora, seis meses após disputar sua última partida oficial, o alviverde tenta se reerguer fora de campo e aposta no passado para retornar à elite estadual. Na última semana, o presidente do Icasa, Francisco Leite Bezerra, o França Bezerra, confirmou o retorno do técnico Flávio Araújo ao comando do clube, após nove anos. Ídolo da torcida, o treinador esteve em alguns dos principais momentos da história do “Verdão do Cariri”, como o acesso à Série B do Campeonato Brasileiro e dois vice-campeonatos cearenses, em 2005 e 2007. 
Experiente Flávio Araújo vai conduzir a retomada icasiana - Foto: Arquivo Diário do Nordeste
A aposta no passado também acontece fora das quatro linhas, com a volta do experiente empresário Kleber Lavor à gerência de futebol do clube caririense. 

Turbulência 

Em 2016, o então presidente Paes de Lira foi afastado do seu cargo pelo Conselho Deliberativo do Icasa. A justificativa foi a falta de pagamento a jogadores e funcionários do clube e o não cumprimento de ações tributárias, além de suspeita de gestão fraudulenta. Em outubro, foram realizadas eleições, e o policial militar Valdenor Granjeiro Agra Filho, o Major Agra, foi eleito para liderar o clube. 

Sem sucesso em conquistar o acesso à primeira divisão do estadual, em 2017 e 2018, o Major Agra renunciou ao cargo de presidente, em julho do ano passado. 
Em carta, justificou a saída por se sentir “sozinho, cansado e desmotivado”. Além disso, afirmou que precisava se dedicar mais à sua família e que também obedecia a orientações médicas. 

Em outubro daquele mesmo ano, França retornou à presidência do Icasa após passagem de sucesso no início da década de 1990 e curta participação, em 2016, após o afastamento de Paes de Lira. 

Missão complicada

Hoje, seu principal trabalho é garantir uma estabilidade financeira do clube. Atualmente, cerca de 180 ações trabalhistas foram movidas contra o Icasa, e sua dívida gira em torno de R$ 15 milhões. “Isso tá muito longe de resolver. Acho que nenhum clube deste porte tem essa dívida”, acredita o presidente. 

O pensamento da gestão é trabalhar com o futuro. Equilibrar as finanças, montar uma boa equipe em 2020, conquistar o acesso, ter receitas maiores para, nos próximos anos, renegociar com credores. Neste ano, por exemplo, a renda com público no Campeonato Cearense da segunda divisão foi de apenas R$ 8 mil. “Como bancar esse time?”, provoca França. O Icasa só conseguiu disputar a competição com a ajuda de torcedores ilustres; na maioria, empresários.

Esperança 

Para 2020, a volta de Flávio Araújo é o grande trunfo para reaproximar os torcedores. “Estamos trazendo um grande treinador. O Flávio teve sete acessos em campeonatos brasileiros. Tem grande identificação com o Icasa. Jogou no clube; seu primeiro trabalho como treinador foi aqui. Ele é muito grato ao Verdão”, justifica Kleber Lavor, amigo pessoal do técnico. 

A ideia inicial do novo gerente de futebol é utilizar jogadores da região do Cariri, no ano que vem. “Vamos valorizar os atletas daqui. Sempre que fui vencedor, quase todo time era da região. Não vou encher de jogadores de fora. Tem um limite”, antecipa Kleber. 

O “Verdão do Cariri”, além da Segundona, deve voltar a disputar a Taça Fares Lopes 2020, competição que dá ao vencedor uma vaga na Copa do Brasil. A possível receita desta competição nacional anima os dirigentes. “É um time de grande torcida, grande cidade, e logo teremos a Arena Romeirão. Uma arena em Juazeiro sem o Icasa grande, sem o Icasa forte, não tem sentido existir”, completa. As obras da Arena estão em andamento, com previsão de entrega para o ano de 2021.
Presidente do Icasa, França Bezerra, acredita que o acesso à 1ª divisão do Cearense pode mudar a situação - Foto: Antônio Rodrigues
Projetos 

A atual gestão do Icasa tem buscado se reaproximar da sociedade através de projetos sociais. Além disso, criou plataformas digitais com web TV, Rádio Web e páginas nas redes sociais.

O programa sócio-torcedor foi reativado. Batizado de “Sou Icasa”, possui planos que variam entre R$ 15 e R$ 50 mensais. Além disso, neste ano, firmou uma parceria com o Centro Universitário Doutor Leão Sampaio, que disponibiliza para os atletas atendimentos em fisioterapia, odontologia, psicologia e a estrutura de sua academia. 

A escolinha de futebol e quase toda a categoria de base foram interrompidas. “Nós, este ano, demitimos todo mundo. Tanto da base como escolinha. Os dois estavam dando prejuízo. Havia uma base desde 2015, quatro anos, sem sair um atleta. Isso não é base!”, acredita França. 

A ideia é reestruturar as categorias sub-20 e sub-17 a partir de janeiro de 2020, fazendo uma grande avaliação técnica com atletas locais. 

A esperança que fica é que o Icasa possa encontrar seu melhor futebol na temporada 2020 e retornar aos tempos de glória. Uma torcida relevante no Interior do Estado precisa de motivação para conduzir a equipe, junto com a atual diretoria, para a retomada na história deste grande do futebol local, que já conquistou título estadual e também teve grandes atuações em competições nacionais. (Por Antônio Rodrigues/Diário do Nordeste)

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