Nova máquina reduz tempo de radioterapia em um mês e torna tratamento mais eficaz no Ceará
Equipamento permite que um tratamento normalmente realizado em 37 dias seja concluído em uma semana — Foto: José Leomar |
No Instituto do Câncer, do Hospital Haroldo Juaçaba, cerca de 400 pacientes passam por sessões de radioterapia diariamente. Um processo inevitável, desgastante e extenso agora pode ser reduzido em, pelo menos, um mês. A nova máquina de radioterapia do Instituto do Câncer do Ceará (ICC), no Hospital Haroldo Juaçaba, permite que um tratamento normalmente realizado em 37 dias seja concluído em uma semana.
O equipamento é a sexta máquina do centro de radioterapia do ICC, e foi doado pelo Ministério da Saúde. O Instituto, porém, decidiu investir 700 mil dólares para aprimorar a máquina, instalando um sistema de imagem mais moderno, conforme explica Rogério Matias, físico médico do Hospital Haroldo Juaçaba.
“Em radioterapia, a gente sabe que as células cancerígenas morrem com a radiação. O problema é separar o que é doença e o que não é. O que a gente ganha com essa máquina é que, com esses acessórios que foram colocados, a gente consegue visualizar toda a estrutura sadia e a estrutura doente, minutos ou segundos antes de tratar. Então eu consigo ver onde a doença está, com precisão”, destaca.
Segundo Matias, diferentemente dos demais aparelhos existentes no Ceará, o equipamento possibilita fazer uma tomografia do paciente já deitado na mesa de tratamento. “Eu posso comparar a imagem da tomografia tirada na hora com a tomografia do planejamento.
Com isso, eu consigo diminuir a quantidade de radiação que vai passar, subo a dose diária e diminuo a quantidade de frações”, pontua.
Comodidade
A máquina começou a funcionar há 16 dias, contribuindo para um ganho de qualidade no tratamento e proporcionando comodidade aos pacientes, que não precisam se deslocar até a unidade com a mesma frequência. Por ser mais precisa ao direcionar a radiação, o equipamento também diminui os sintomas recorrentes do tratamento oncológico, como as náuseas, uma vez que menos áreas do corpo são afetadas.
Por ser mais precisa ao direcionar a radiação, o equipamento também diminui os sintomas recorrentes do tratamento oncológico — Foto: José Leomar |
“A nossa tentativa permanente é de implantar tecnologia em um negócio que exige a cada dia mais eficiência”, afirma o CEO do Instituto do Câncer, Pedro Meneleu. Ele revela que milhares de pacientes são beneficiados pelo novo aparelho, considerando que cerca de 400 pacientes passam por sessões de radioterapia diariamente no Hospital Haroldo Juaçaba.
“Apesar de a gente ter aumentado a capacidade de entrega nos últimos anos, a fila cresceu muito. A gente corre contra o tempo porque esse tumor cresce na fila, e há necessidade de a gente fazer mais com menos recursos, para poder chegar logo no paciente que ainda tem a sua condição de tratamento mínima”, enfatiza o CEO.
Em 2018, 55 mil atendimentos de radioterapia foram feitos através do Hospital Haroldo Juaçaba. Neste ano, até o final de novembro, foram contabilizados 69.370. A unidade, que completou 75 anos de existência em 2019, é a terceira maior do país em número de procedimentos oncológicos para o Sistema Único de Saúde (SUS).
‘Tripé’
Pedro Meneleu aponta que a radioterapia é parte importante de um tripé, junto a cirurgia e quimioterapia. “Em uma estimativa bem superficial, 40% dos pacientes que chegam aqui precisam da radioterapia”, afirma.
O Hospital somou 32.549 atendimentos em quimioterapia em 2019, até o momento, e 7.257 cirurgias foram realizadas. (Por G1 CE)