Súmula de Caucaia x Barbalha registra caso de injúria racial; punição é estudada
Goleiro do Barbalha solicitou que a partida fosse parada aos 40 do 1º tempo. Foto: Reprodução / Blog do Boa |
Um caso de injúria racial foi registrado na partida entre Caucaia e Barbalha no último domingo (19), pela 5ª rodada do Campeonato Cearense. Na ocasião, o goleiro Serjão, do Barbalha, foi alvo de ofensas por parte de um torcedor caucaiense no estádio Raimundo de Oliveira.
A situação foi relatada em súmula pelo árbitro Raimundo Rodrigues. No documento, o juiz afirmou que o jogo foi paralisado a pedido do arqueiro aos 40 do 1º tempo, apesar do trio de arbitragem não ter identificado nenhuma situação anormal.
Em contato com o Sistema Verdes Mares, o goleiro Serjão explicou que a atitude racista foi realizada em diferentes momentos da partida. A princípio (os torcedores) foram com cantos racistas e me chamaram de 'Vera Verão'. Depois falaram que um 'Negão' não podia ficar naquela parte do campo. Depois, quando recebi atendimento e logo sofri o gol, recebi insinuações de que eu fosse macaco", explicou.
Através das redes sociais, a diretoria do Caucaia se manifestou em solidariedade ao goleiro adversário. Segundo a instituição, a Polícia Militar foi convocado para a identificação do autor do crime, além de garantir a integridade do atleta Serjão.
O Caucaia Esporte Clube vem a público esclarecer sobre o ocorrido no jogo Caucaia x Barbalha, realizado no último domingo (19/01), em que foi computado na súmula da partida, um possível ato de racismo, supostamente realizado por pessoas que estavam na arquibancada mandante.— Caucaia Esporte Clube ⭐⭐ (@CaucaiaEC) January 21, 2020
Na nota, o clube também informou que o elenco foi orientado a conversar com torcedores nas arquibancadas solicitando respeito. O duelo, encerrado em 1 a 1, foi reiniciado após o cessar da reação dos torcedores.
PUNIÇÃO
Ao término dos 90 minutos, Serjão não prestou Boletim de Ocorrência (B.O.) na delegacia de plantão do município de Caucaia. Sem a formalização da denúncia, a polícia não pôde concluir as investigações.
A diretoria do Barbalha utilizou as redes sociais para cobrar um posicionamento da Federação Cearense de Futebol (FCF) sobre o ocorrido. Promovendo uma campanha com a hashtag #somostodosiguais, a equipe reiterou que a comissão técnica e a torcida organizada da Raposa se solidarizam com o atleta.
"Lhe desejamos força, e lembramos que aos olhos de Deus somos todos iguais", disse trecho da publicação.
O Diário do Nordeste entrou em contato com a FCF, que comunicou que a súmula de Caucaia e Barbalha foi enviada ao Tribunal de Justiça Desportiva (TJD). O órgão está analisando se dará andamento ou não na questão.
No Campeonato Cearense, o Caucaia ocupa a 4ª posição, com sete pontos, enquanto o Barbalha é o vice-líder, com 11. O time metropolitano entra em campo nesta quarta-feira (22), às 21h30, diante do Guarany de Sobral, no Junco. Já a equipe do interior enfrenta o Atlético/CE no mesmo dia, às 20h, no Inaldão
Vale ressaltar que Injúria racial é crime especificado no artigo 140 do Código Penal, terceiro parágrafo. É quando se ofende uma ou mais vítimas por 'elementos referentes à raça, cor, etnia, religião e origem'. A pena é prisão de um a três anos, além de aplicação de multa. *Por Alexandre Mota/Diário do Nordeste