Mesmo com decretos de isolamento social, ruas de Crato amanhecem lotadas
A Vigilância Sanitária e Ambiental do Crato se mostra muito preocupada com a atitude da população, contrariando as orientações sanitárias - Foto: Toni Sousa |
No entorno de bancos e mercados, as pessoas descumpriram as orientações de distância mínima de 1,5 m uma das outras.
Mesmo após o Município decretar estado de calamidade pública e adotar multas para pessoas físicas e jurídicas que desrespeitarem o período de isolamento social, as ruas da cidade do Crato amanheceram lotadas, nesta segunda-feira (13). As aglomerações se deram, principalmente, no entorno da agência da Caixa Econômica Federal e do Mercado Público Walter Peixoto. A distância mínima de 1,5 m da fila não foi respeitada pela maioria dos moradores.
A vendedora autônoma Fabiana da Silva conta que chegou 6h e as ruas já estavam cheias. “Quando cheguei já tinha gente até de ontem de noite”, descreve. Ela foi até a agência entrar com o pedido para receber o auxílio emergencial de R$ 600, justifica. “Mas me preocupa. Preocupa a mim e aos outros. Sorte que o pessoal da guarda está organizando”, completa.
Já a agricultora Raimunda Nogueira explicou que teve que ir até o banco para saber o dia que irá receber o auxílio. “Como não sei mexer muito na internet, preferi vir na agência”, enfatiza. Por outro lado, se mostrou despreocupada com a pandemia da Covid-19. “Tenho medo não. Tenho fé em Deus que não vai ter nada”, acredita.
Enquanto isso, outros moradores saíram de casa apenas para passear, como o aposentado Miguel Raimundo de Sousa, que mesmo fazendo parte do grupo de risco, fez uma caminhada. “Só dentro de casa adoece mais. A gente é acostumado a fazer uma caminhadazinha. Não tem mais feira, não tem nada. Se tiver que adoecer, adoece dentro e fora de casa”, aponta o idoso.
Apelo
A gerente da Célula da Vigilância Sanitária e Ambiental do Crato, Ana Lígia Aquino, se mostra muito preocupada com a atitude da população, contrariando as orientações sanitárias. “A dificuldade é muito grande. As pessoas não se conscientizam. A gente fecha as lojas, mas ficam gente batendo na porta, querendo comprar. Muitos carros vindos dos distritos para tirar esse dinheiro (auxílio)”, descreve.
Lígia reforça que as equipes de fiscalização estão nas ruas tentando conscientizar, mas as pessoas insistem em ter uma vida normal. “A gente tá vivendo um problema fora da normalidade. É um trabalho desgastante. Por isso, fazemos um apelo para que as pessoas fiquem em casa”, reforça. Cinco equipes da Vigilância Sanitária trabalham nos três turnos e ainda conta com apoio de profissionais do Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), Guarda Civil Metropolitana e Policia Militar.
- INFOGRÁFICO: Nº DE CASOS CONFIRMADOS
Multa
Na última semana, o decreto que multa moradores e empresas entrou em vigor. No caso das pessoas físicas a multa é de R$ 200; aos microempreendedores individuais, microempresas e empresários individuais, multa de R$ 500; outras pessoas jurídicas, instituições bancárias e financeiras: R$ 50 mil. De acordo com o documento, as penalidades incidirão em dobro, a cada reincidência, ficando limitada ao montante máximo de R$ 800 mil.
Isso não significa que as pessoas não podem sair de casa, mas que serão multadas aqueles que promovem aglomerações. Neste caso, o infrator tem até cinco dias para apresentar defesa. Decorrido o prazo, deverá ser enviado o Documento de Arrecadação Municipal. “A impressão é que se tivesse 100 fiscais, não controlaria. É muito difícil. Alguns fiscais chegam a ser distratados. A impressão é que só vão sentir quando acontecer com alguém. Não multamos ninguém, porque nossa intenção não é ganhar dinheiro, é conscientizar”, explica Lígia
Aos estabelecimentos considerados essenciais o decreto prevê que providenciem o controle de acesso e organização de filas para que seja mantida uma distância mínima de 1,5 metro entre uma pessoa e outra. Além disso, inclui outras medidas de higiene, como a disponibilização de álcool-gel 70% para higienização para as pessoas que acessem a loja. Por Antonio Rodrigues e Toni Sousa/Diário do Nordeste