Com adiamento da Festa de Santo Antônio, comércio de Barbalha estima perda de faturamento
Com o adiamento da Festa do Pau da Bandeira de Santo Antônio, que atrai
anualmente cerca de 350 mil pessoas — 200 mil apenas no dia do cortejo, que
neste ano aconteceria no próximo dia 31 —, a Câmara de Dirigentes Lojistas
de Barbalha (CDL) estima que as lojas do Município deixarão de faturar até
300% em relação aos outros meses do ano. Por conta da Covid-19, a
tradicional celebração foi adiada para outubro.
Segundo o presidente da CDL de Barbalha, Alcides Marcelo Barbosa, o período
da festa de Santo Antônio, que este ano aconteceria de 31 de maio a 13 de
junho, era o grande “pulmão da cidade”. “A gente normalmente vem de períodos
ruins de venda, de janeiro a março”, explica.
Com as medidas de isolamento social e a proibição de lojas que não atendem
serviços essenciais, Alcides acredita que ocorrerá o efeito reverso: uma
queda pela metade nas vendas em comparação aos demais períodos do ano. “É
uma pancada muito grande”, define o presidente da CDL.
Para se ter uma ideia, as consultas ao Serviço de Proteção ao Crédito
(SPC), um dos serviços ofertados pela CDL, crescem de 8 a 10 mil antes da
Festa de Santo Antônio. A própria associação de lojistas, que arrecada, a
partir das taxas de venda, de R$ 12 a 14 mil mensais, está com apenas R$ 3
mil a R$ 4 mil. “Em março, mês das mães, começa a movimentar. Depois, chega
maio. É nosso pulmão”, completa o representante.
Os setores de vestuários, bebidas e comidas são os que mais crescem. Além
disso, pessoas de municípios vizinhos, como Crato e Juazeiro do Norte,
trabalham na tradicional celebração.
“Não só as lojas locais vendem mais, como o pessoal agregado e quem vem de fora. As pessoas aproveitam e trabalham como ambulantes”, ressalta Alcides.
Adiamento
Por decisão da Prefeitura de Barbalha junto com a Paróquia de Santo
Antônio, a Festa do Pau de Bandeira foi adiada para outubro, ainda sem data
definida. O mês foi escolhido porque nele se comemora a co-padroeira da
terra dos Verdes Caniviais, Nossa Senhora do Rosário, celebrada no dia
7.
O dinheiro que seria destinado às contratações de grandes shows, segundo o
prefeito Argemiro Sampaio, está sendo utilizado no combate à Covid-19. O
evento deve acontecer valorizando os grupos de tradição e artistas locais.
“Serão todos artistas de nossa região para evitar gasto neste momento
difícil e valorizar seus trabalhos”, enfatizou o gestor.
Tradição
Reconhecida como Patrimônio Cultural Brasileiro, em 2015, pelo Instituto do
Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan), o cortejo acontece desde
1928. Neste ano, a celebração foi interrompida pela primeira vez em sua
história por conta da pandemia. Ano passado, um angico de 26 metros, pesando
cerca de duas toneladas, foi transportado por 250 homens, por mais de três
quilômetros, do sítio Toncador até Centro da cidade, aos pés da Igreja
Matriz de Santo Antônio, onde é hasteado.
Para a data não passar em branco, a Secretaria de Cultura e Turismo do
Município está promovendo o projeto Festejos Juninos On-line, que está
selecionando, por edital, artistas locais para apresentações na web. Os
aprovados vão compor uma programação ocorrida em dois momentos: de 30 de
maio a 13 de junho e de 18 a 28 de junho.
Reportagem de Antonio Rodrigues/Diário do Nordeste