Projeto utiliza arte como instrumento terapêutico para dar voz a gestantes e puérperas na região do Cariri
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Os momentos da gravidez e do puerpério trazem inúmeras mudanças e
experiências para a mulher, que nem sempre são compreendidas por ela, por
quem está perto e pela própria sociedade. Na busca por dar voz às mulheres
da região do Cariri que passam por essa intensa transformação de vida, a
Universidade Federal do Cariri (UFCA), por meio de estudantes e docentes da
Faculdade de Medicina (Famed), iniciou este ano o projeto “A Arte de
Partejar: a representação do parto por puérperas do Cariri Cearense”, ligado
à Pró-Reitoria de Cultura (Procult).
O objetivo é estimular mulheres a expressarem através da arte – desenhos,
pinturas, colagens, bordados, entre outras expressões – seus sentimentos
sobre a gravidez, o parto, o puerpério e a maternidade, a fim de auxiliá-las
a superar possíveis traumas, medos e desafios presentes nessas fases e
também a relembrar momentos felizes que viveram nesses períodos. O projeto
também pretende informar sobre a importância de uma assistência à saúde mais
respeitosa, mais humana.
De acordo com a estudante Andrezza Maia, idealizadora da iniciativa, a
ideia surgiu depois da experiência dela em aulas práticas em maternidades da
região do Cariri. “Comecei a perceber que a assistência dada por muitos
profissionais de saúde às mulheres era muito limitada, dificilmente se dava
abertura para gestantes e puérperas expressarem suas dúvidas e o que estavam
sentindo”, disse. Ao compartilhar com um grupo de amigos o desejo de
desenvolver atividades com essa temática, e depois de estudar e pesquisar
bastante sobre o tema, Andrezza identificou a importância das mulheres terem
voz a partir de um instrumento terapêutico, como a arte.
“Percebemos que mulheres que vivenciam experiências negativas durante a gestação e/ou parto e não recebem um apoio necessário têm mais chances de desenvolver distúrbios psicológicos no puerpério, como a Depressão Pós-Parto. Encontramos os benefícios da arte como instrumento terapêutico e, assim, com muita união e conversas, A Arte de Partejar foi surgindo”, explicou.
Situação no Cariri
Andrezza reconhece que, na região do Cariri, as mulheres ainda aguardam a
institucionalização de uma assistência à gestação humanizada e efetiva, que
priorize a integralidade da saúde da mulher. Conforme a estudante, ainda são
notificados casos de violência obstétrica, abusos na assistência ao parto e
negligências, principalmente das unidades gestoras em saúde.
“Dessa forma, o projeto Arte de Partejar mostra-se necessário quando propõe um espaço humanizado de escuta, cuidado e atenção à mulher em um ambiente de maternidade, contribuindo não apenas para registrar a individualidade desse momento para cada participante da ação, mas também por atuar diretamente na realização de uma atenção integral à saúde da mulher do Cariri”, ressaltou.
Ações
O projeto conta com a coordenação e a orientação dos médicos ginecologistas
e obstetras Patrícia Brayner e Tainã Brito e do residente em ginecologia e
obstetrícia da UFCA José Neto. A coordenação discente é composta pelos
acadêmicos de Medicina da UFCA Andrezza Maia, Jacyanne Vieira, Sarah Bacurau
e Walisson Gomes. Também conta com mais três estudantes de Medicina da UFCA
e duas do curso de Psicologia de outra universidade do Cariri.
As ações centrais, de acordo com Andrezza Maia, serão realizadas no
Hospital Maternidade São Lucas, em Juazeiro do Norte, e no Hospital São
Vicente de Paulo, em Barbalha. “Vamos até os alojamentos, onde ficam mães e
bebês, levaremos materiais para colorir e iremos incentivar as puérperas a
expressarem através da arte seus sentimentos sobre o parto e sobre a sua
gestação”, detalhou.
Além dessas atividades, o projeto também promoverá rodas de conversa na
UFCA sobre temas relacionados à assistência ao parto e oficinas de
capacitação sobre cuidados na gestação e puerpério. No fim do ano, existe a
previsão de realizar a Primeira Exposição A Arte de Partejar com as artes
feitas pelas puérperas ao longo do ano.
Covid-19
Nesse período de isolamento social, devido à pandemia da Covid-19, as ações
presenciais ainda não iniciaram. No entanto, o grupo tem desenvolvido
diversas atividades virtuais. Informações sobre cuidados com a saúde da
gestante e puérpera, incluindo os cuidados relacionados ao coronavírus,
estão sendo divulgados no perfil do projeto no Instagram, o
@artedepartejar.ufca. Está em produção também cartilhas informativas. A
primeira será sobre Parto Normal, com previsão de divulgação nas próximas
semanas.
Além disso, o projeto tem promovido encontros online, chamado Círculos de
Saberes, nos quais são debatidos temas relacionados à gestação e ao
puerpério com o auxílio de profissionais convidados. Em julho, no formato
online, será realizado o Primeiro Simpósio Caririense de Parto Normal.
Campanha “A Arte como Terapia”
Enquanto as atividades presenciais nas maternidades ainda não iniciaram, o
projeto lançou a campanha “A Arte como Terapia”, que estimula mulheres a
expressarem por meio da arte – desenhos, pinturas, colagens – os
sentimentos sobre a gravidez, o parto, o puerpério e a maternidade. As
artes comporão o acervo da Primeira Exposição A Arte de Partejar prevista
para o fim do ano e, caso seja autorizado pela mulher, serão divulgadas no
perfil oficial do projeto no Instagram.
As mulheres que desejarem participar podem enviar, para o direct do perfil
no Instagram ou para o email artedepartejar@gmail.com, uma expressão
artística que represente esses momentos marcantes da vida.
- Serviço
- Projeto “A Arte de Partejar: a representação do parto por puérperas do Cariri Cearense”
- artedepartejar@gmail.com