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Comércio de velas dobra durante a pandemia em Juazeiro do Norte

Comércio de velas dobra durante a pandemia em Juazeiro do Norte

📸 Legenda: A demanda crescente fez saltar o valor da parafina, matéria-prima da vela - Foto: FOTO: ANTONIO RODRIGUES
A produção em uma única fábrica, que antes era de 40 toneladas por mês, saltou para mais de 80. Diante das medidas de isolamento social, os católicos estariam dedicando mais tempo às orações e consumindo mais o produto

Cidade com forte tradição religiosa, Juazeiro do Norte, no Cariri cearense, viu a comercialização de velas disparar durante a pandemia da Covid-19. Com igrejas e templos fechados e o temor com a doença que já matou milhares de pessoas, o apego à religiosidade está mais evidente e, agora, as orações são feitas em casa e com maior frequência, o que acaba aumentando o consumo de velas. Empresários estimam crescimento de 50% nas vendas, número superior ao da Romaria de Nossa Senhora das Candeias. Juazeiro conta com quatro fábricas registradas, conforme o último levantamento da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Inovação do Município.
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O empresário Francisco de Assis Freitas chega a produzir e vender 40 toneladas de velas por mês, mas durante a pandemia, saltou para 80 toneladas "ou mais", conforme estima. Funcionando por delivery, a demanda está alta. A última vez que viu "uma procura tão grande e repentina" foi em dezembro de 1999, na virada do milênio, quando as pessoas acharam que aconteceria o "fim do mundo". "Foi o ano que mais vendi vela em minha vida", relembra.

Outro empresário do ramo, Vanderley Firmo, que retomou a produção na sua fábrica há poucos dias, também relata o mesmo aumento. "É tanto que não estamos contemplando todo mundo", pontua. Segundo ele, "muitas pessoas em casa têm dedicado mais tempo às orações e assim procuram mais velas", completa.

Francisco também deposita nas "lives religiosas e missas virtuais" o motivo do representativo aumento. Com tanta demanda, a parafina, matéria-prima da vela, teve seu estoque esgotado em Salvador (BA), principal exportador para o Ceará. Agora, o abastecimento está sendo feito do Rio de Janeiro. Com a maior distância, o preço aumentou. "Mesmo assim as vendas não diminuíram, estão comprando mesmo estando mais caro", disse De Assis.

Esta procura se reflete nos supermercados e mercantis na terra do Padre Cícero. Encontrar o produto não tem sido uma missão fácil entre os consumidores. "Durante a pandemia estamos vendemos muita vela", pontuou o empresário Cícero Belém.

Consequência da Fé

O bispo dom Gilberto Pastana, da Diocese de Crato, aponta que a "luz" tem um forte significado na fé cristã e por isso as vendas subiram tanto durante a pandemia. "Esta luz é o Senhor, essa luz é Jesus. O sol da vida, que nos indica o caminho", define. Muito ligada às romarias, como a de Candeias, onde se protagoniza uma das mais belas procissões de Juazeiro do Norte, a vela remete à fé, explica o religioso. "Ninguém caminha nas trevas, na escuridão", completa o sacerdote.

Desde o início do isolamento social, a contadora Ana Paula Tavares acende diariamente uma vela na calçada de sua casa e encoraja suas vizinhas a fazerem o mesmo.

"Quando alguém passar, vai saber que naquela casa vai estar alguém em oração", acredita. "Diante dessa doença terrível, que nos causa terror e pânico, tenho encontrado no Nosso Senhor Jesus Cristo o conforto para lidar com essa situação", explica. Para ela, a vela simboliza a esperança de dias melhores.

Escrito por Antonio Rodrigues/Diário do Nordeste

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