Casal comemora bodas de ouro com celebração online na zona rural de Missão Velha
A celebração contou com bolo e parabéns, tudo acompanhado a distância por
filhos e netos
Uma história de amor que supera longos anos e os tempos de pandemia. O
relato emocionante vem da zona rural do município de Missão Velha, na região
do Cariri cearense. João Cesário dos Santos (João da Mata), de 97 anos, e
Terezinha Ferreira Cesário (Terezinha Zungueta), 90, celebraram 50 anos de
casados, com direito à bênção episcopal, em missa, e participação de
parentes, de forma virtual, para a não disseminação no novo
coronavírus.
Tudo aconteceu na noite do último sábado (18). O casal estava em casa, na
companhia de uma filha, no distrito de Missão Nova. Foi ela quem conectou um
computador à TV para que os pais pudessem visualizar melhor a transmissão da
missa especial direto da casa episcopal, presidida por dom Gilberto Pestana,
com a participação do padre Joaquim Ivo.
Em suas casas, filhos e netos acompanharam a celebração da liturgia.
Depois, compartilharam virtualmente o corte do bolo. Um momento singelo, mas
de muita importância para a família.
Sonho realizado
“A festa não aconteceu como a gente planejava, reunindo todos, participando
de uma missa de forma presencial e com renovação dos votos matrimoniais. Mas
não poderíamos deixar passar em branco essa comemoração tão importante”,
observou a nora e servidora pública, Márcia Rejane Rodrigues.
Legenda: O casal é símbolo de companheirismo e amor em Missão Velha, no Cariri. - Foto: Arquivo Pessoal |
Rejane foi a responsável por conduzir a organização da comemoração, que
também contou com apoio de outros parentes. O convite online foi formulado e
o pedido de bênção especial foi encaminhado à diocese de Crato.
No Sítio, apesar do vento forte que enfraqueceu o sinal da internet, o
casal conseguiu acompanhar a celebração da missa e receber a bênção. “Fiquei
muito feliz, mas nunca imaginei que seria assim”, disse o agricultor
aposentado, João da Mata. “Agora meu sonho é comemorar 100 anos, faltam três
anos, e se Deus quiser, vou ter essa graça”.
Ativo e lúcido, João da Mata lamenta o fato de não poder mais trabalhar na
agricultura. “Foi minha vida, o roçado, o plantio de milho, feijão, a limpa
do terreno, a espera das chuvas e da colheita”, relembrou. “Com fé em Deus e
com muita coragem e trabalho, nunca me faltou nada”.
Mas, qual o segredo para se viver tanto tempo, seu João? “Não sei. Quem
sabe é Deus”, reponde, com firmeza. Já a nora, Márcia Rejane, tem uma
resposta: “É a alegria dele de viver, a força de vontade, o amor que tem
pela vida”.
Dona Terezinha Zungueta também mostrou alegria pela ocasião festiva. “A
gente pensava em fazer uma festa com a presença dos filhos e netos, para
abraçar todos, ir à igreja, mas com essa doença por aí atrapalhou os
planos”, disse. “Mas, deu tudo certo e, depois, com saúde, a gente fez outra
festa. Estou muito feliz, emocionada”.
Lembranças...
Os dois se casaram na condição de viúvos, mas, seu João da Mata teve que
esperar mais tempo do que desejava, pois o segundo amor da vida decidiu
cuidar dos pais, com todo carinho e dedicação. Somente após a morte dos
pais, dona Terezinha Zungueta não quis permanecer sozinha e deu novamente um
sim à vida matrimonial.
Os dois tiveram um casal de filhos. Antes, do primeiro casamento, ele teve
cinco filhos, dos quais três estão vivos. Já ela, teve um filho no primeiro
casamento.
A família permanece unida e recebe o carinho e a amizade dos moradores da
localidade de Missão Nova. O casal é um exemplo de amor e de amizade que
resiste há mais de cinco décadas, quando se conheceram na pequena cidade do
interior. Hoje, os desafios são outros e o mundo mudou, mas o amor permanece
o mesmo.
Escrito por Honório Barbosa/Diário do Nordeste