Jovem do Crato faz mural em homenagem à atriz Naya Rivera e repercute nas redes sociais
Legenda: Wanderson escolheu um muro no bairro São Miguel para homenagear Naya Rivera por meio da pintura - Foto: Foto: reprodução/Instagram |
No Instagram, Wanderson Petrova ganhou seguidores e curtidas, mas explica
que a homenagem também é forma de expressão dos próprios sentimentos
Não muito diferente do sentimento dos outros fãs da norte-americana Naya
Rivera, a notícia da morte da artista, confirmada na última segunda-feira
(13) após acidente no Lake Piru, nos Estados Unidos, abalou e entristeceu o
jovem cearense Wanderson Petrova, de 28 anos. Em meio à dor, no entanto, foi
por meio da arte que ele resolveu se expressar: pintou uma homenagem espcial
em um mural no município do Crato, cidade onde nasceu e vive até hoje. Nas
redes sociais, alcançou curtidas e comentários por conta da ação, exposta no
bairro São Miguel. Ainda assim, ele prefere mesmo que acredita na arte como
forma de eternizar uma mensagem.
“A minha ideia veio abraçando a minha linha de produção e concepção
enquanto artista”, comenta ao ser questionado sobre o surgimento da ideia de
lembrança à Rivera. Em entrevista por telefone ao Verso, se emocionou ao
lembrar de como se conectou ao trabalho da atriz por meio da série Glee,
lançada em 2009, na qual Naya interepretava a adolescente Santana Lopez. E,
além disso, disse acreditar na possibilidade de demonstrar na própria arte
questões como essa, que o atravessam e impactam também outros
milhares.
“Em Glee, a personagem da Naya era a que eu sentia uma proximidade maior,
justamente pela relação LGBTQI+ que ela mantinha em cena. A Santana tinha
uma força, e ainda tem, e é essa a relação da arte. A nossa matéria, o nosso
corpo ele, infelizmente, vai passar. Mas esse legado fica”, pontua. “Não
queria que a ida dela fosse dessa forma. Na verdade, desejamos que nossos
ídolos e pessoas que admiramos durem pra sempre, algo humanamente
impossível. Então, a gente acaba desejando que eles vivam bastante e só
então façam as suas passagens”, afirmou lembrando de como a ligação com a
produção fez necessária essa dedicação na pintura.
Do momento da confirmação da morte da atriz que tanto admirava, ele lembra
do choque. “Foi um sentimento tão angustiante e revivo de novo só de falar.
Glee ainda é tão importante para o campo dos sonhos dos jovens, para a
resolução de conflitos. Acredito que a arte, incluindo as séries, nos fazem
enxergar um espelho de resolução de coisas ali, que estamos vivendo e não
vemos uma saída. Muitas vezes você enxerga o seu problema na pele de um
personagem interpretado por um artista”, opina.
A partir de então por já ter experiência com arte de rua, escolheu um
espaço para expor os sentimentos. Nas proximidades de uma avenida, entre
cores e flores, sobrepôs a imagem de Naya e do filho como uma maneira de
lembrar a si mesmo da importância dela. “É uma forma de imortalizar aquela
pessoa, de mostrar como ela me atravessou. Também uma maneira de guardá-la
ali, em um tempo, em um espaço. A arte de rua ela é efêmera, mas esses
registros são documentados. É uma forma de dizer obrigado, porque a arte
dela não passou despercebida”.
Arte na vida
A repercussão do mural de Naya também veio para alcançar novo público para
a arte que já produzia. Atualmente em formação pela Universidade Regional do
Cariri, onde estuda Artes Visuais, Wanderson já fez murais para Madonna,
Maria Bethânia, Jogo Toddynho, Katy Perry e Isa, todos compartilhados em
publicações no Intstagram (@wanderson.smivill), por exemplo. Segundo ele,
representar mulheres também é uma forma de agradecer por diversos momentos
da vida, afinal de contas, a mãe foi a responsável por incentivá-lo desde
cedo na carreira.
“Se eu pinto sobre uma mulher importante, eu pinto também sobre outras
mulheres que admiro, como é o exemplo de minha mãe, responsável por me
incentivar a ser artista”, comenta ao recordar, inclusive, da ocasião na
qual Madonna reconheceu um dos murais feitos por ele.
Hoje, trabalhando com meninos que cumprem medidas socioeducativas no Cariri
e com pessoas em situação de vulnerabilidade social, ele comenta ter a arte
como filosofia de vida além de trabalho, na qual pode ser educador,
performer e grafiteiro, ainda sendo capaz de “experimentar várias
linguagens”.
Legenda: O mural sobre Amor Livre foi um dos publicados por Madonna no Instagram, que também já chegou a convidá-lo para trabalho na África - Foto: Foto: arquivo pessoal |
No mais, ele também agradece às mensagens que tem recebido nos últimos dias
após a homenagem feita para Naya Rivera. Curtidas nas imagens e novos
seguidores têm se multiplicado, algo que define como oportunidade, mas
também como a prova de uma ideia. “As pessoas têm entrado em contato e
mostrado um pouco sobre como isso se conectou a elas. E isso também é
importante, você encontrar empatia mesmo na dor. Me emociono muito quando
vejo as pessoas sentindo e pensando no outro”, finaliza com orgulho.
Escrito por Mylena Gadelha/Diário do Nordeste