Mais de mil profissionais da saúde no Cariri foram infectados pelo coronavírus
Legenda: Hospital de campanha de Juazeiro do Norte - Foto: Antonio Rodrigues |
Felizmente, não foi registrado nenhum óbito entre os profissionais da saúde nas 29 cidades do Cariri. A região do Cariri, composta por 29 municípios do Sul do Estado, ultrapassou a marca de mil profissionais dos serviços de saúde infectados pelo novo coronavírus. Ao todo, são 1.047 casos de Covid-19, mas não há nenhum óbito entre eles. As três maiores cidades, Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha, concentram 69,8% (731) das confirmações. Os dados são da plataforma IntegraSUS, da Secretaria de Saúde do Estado.
Juazeiro do Norte lidera a lista com 376 casos, seguido de Crato com 194 e Barbalha, que alcança 161 infectados. Apenas Antonina do Norte e Granjeiro não registram profissionais da saúde infectados.
Dos 1.047 profissionais que contraíram a doença, 769 são mulheres (73.4%), enquanto 278 são homens (26,6%). Por outro lado, 942 já estão recuperados, que representa 89,97% do número total de infectados.
A profissão que possui, até agora, o maior número de casos confirmados é a de Técnico ou Auxiliar de Enfermagem, que soma 327 profissionais (31,08%). Em seguida, aparecem os enfermeiros com 168 (15,97%); médicos, registrando 103 infectados (9,79%); e agentes de saúde, que somam 99 casos (9,45%). Ao todo, são 35 tipos de profissionais classificados.
Superação
O técnico de enfermagem do Hospital Regional do Cariri (HRC), Rodrigo Araújo, de 40 anos, faz parte desta lista. Por oito dias ele chegou a lutar pela própria vida internado unidade de terapia intensiva (UTI) do mesmo lugar que trabalha há sete anos. “Nunca passei por isso. O cara que mais tinha medo de pegar era eu”, admite.
Os sintomas apareceram no dia 12 de junho, durante seu plantão. No dia seguinte já foi afastado do trabalho. “Como sou profissional da saúde, com medo de infectado, fiz exame e deu negativo. No dia 20, piorei. Comecei a sentir cansaço e febre alta. Fui internado e com 40 minutos o outro exame já deu positivo. Eu só me perguntava: por que foi acontecer logo comigo?”, lembra. Sua esposa, também técnica de enfermagem, Maria Josane dos Santos, também contraiu a doença, mas com sintomas leves.
Com a piora, no dia 23 de junho, Rodrigo teve que ir para a UTI, onde ficou por oito dias recebendo oxigênio. Hipertenso e obeso, Rodrigo temeu por sua vida. “Morrer era meu maior medo. Vi muita gente morrer. Isso atrapalhou meu tratamento. Tive que tomar remédio controlado”, lembra.
Recuperado, Rodrigo ainda sente medo de voltar a contrair a Covid-19 e tem a sensação de tristeza ao ver as pessoas desrespeitando o isolamento social. “Quando saía do plantão, sempre me resguardei de vir direto para casa. Neste trajeto, vejo o pessoal nas ruas, filas nos bancos. Se pudesse, chegava em cada pessoa pedindo para se cuidar. Não imaginam o que passei. A sorte é que o HRC tem uma estrutura muito boa”, acredita.
Recuperados
No Hospital Santo Antônio (HSA), em Barbalha, 34 funcionários foram infectados pelo coronavírus. Destes, 30 já estão recuperados e voltaram a trabalhar. O grupo inclui médicos, enfermeiros, gerentes e diretores. O gestor de projetos do HSA, Egberto Santos, ressalta que a partir dos primeiros sintomas, até mesmo um pequeno resfriado, o funcionário já é afastado.
Todos os setores do hospital fazendo uso de máscara, incluindo a parte administrativa, que inclui itens de proteção como gorro e propé. Além disso, há disponibilidade de álcool em gel em todas os locais do equipamento para visitantes e colaboradores. A área administrativa foi bloqueada apenas para funcionários do setor.
Escrito por Antonio Rodrigues/Diário do Nordeste