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Após queda de 98%, cultivo irrigado de arroz volta às várzeas do Açude Orós

Após queda de 98%, cultivo irrigado de arroz volta às várzeas do Açude Orós

Legenda: Cultivo de arroz irrigado na bacia do Açude Orós - Foto: Honório Barbosa

Área de cultivo do grão irrigado retorna ao nível de 2014, quando foram plantados 2.000 ha. Em 2018 e 2019, o plantio caiu para 40 hectares

O aumento do volume de água no Açude Orós favoreceu, neste ano, a retomada de uma atividade agrícola que prosperou no período de 1970 a 2000, mas que praticamente estava insignificante: o cultivo de arroz irrigado nas várzeas do reservatório durante o segundo semestre de cada ano.

Estima-se que a área plantada para a atual safra voltará ao nível de 2014, quando foram cultivados cerca de dois mil hectares. Nos anos de 2018 e 2019, por causa da redução de volume de água no açude, a área de cultivo do grão irrigado caiu para apenas 40 hectares.

Atualmente, o nível do reservatório é de 26%, segundo dados do Portal Hidrológico da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). No ano passado, nesta mesma época do ano, o Orós acumulava apenas 7,8%.

Cenário animador

No campo, o clima é de alegria e de trabalho entre os agricultores de base familiar na bacia do açude, nas localidades de Barrocas, Timbaúba e Aroeira, em terras do município de Iguatu; Salsa e Matapasto, em Quixelô, e Brejinho, em Orós. Cerca de 600 produtores rurais estão envolvidos na atividade, neste ano.

O plantio irrigado segue uma lógica que surgiu desde o início do reservatório, na década de 1960.

A cada ano, os agricultores esperam o fim das chuvas para saber onde a água vai ficar, preparam a terra e iniciam o cultivo e, à medida que a água vai se distanciando com a perda de volume, com o passar dos dias, o plantio avança nas terras descobertas, que ficam férteis com o acúmulo de material orgânico.

A irrigação é feita com o uso de motores a óleo diesel e acompanha o recuar da água. “Quando se distancia muito da plantação é preciso fazer dois tombos (bombeamento) da água”, explicou o produtor rural, Marcos Araújo. “O melhor é só um tombo porque dá menos trabalho e traz menor custo de produção”. Ele iniciou o cultivo de 10 hectares de arroz, na semana passada.

Outras alternativas

Neste ano, além do cultivo tradicional de arroz, os agricultores ampliaram as áreas com o cultivo de outros grãos – feijão e milho. “É uma forma alternativa de ampliar a renda e de aproveitar melhor a terra”, explica o diretor do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Iguatu, Evanilson Saraiva, morador da localidade de Barrocas, na margem do Orós. “Neste ano, está todo mundo animado, plantando muito”.

Nos últimos cinco anos, a produção de arroz irrigado na bacia do Açude Orós sofreu importante retração por causa da escassez de água e da queda do preço do grão, tornando a produção praticamente inviável. “O que a gente ganhava, mal dava para pagar as despesas”, disse o agricultor, Luís Crispim. A produtividade média também caiu de seis mil quilos por hectare para cinco mil quilos. Hoje, no entanto, a realidade é hoje, com recarga no Orós e alta no preço do grão. 


Escrito por Honório Barbosa/Diário do Nordeste

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