Economista explica aumento em preços do arroz no Cariri
Alternativa é trocar um tipo de arroz por outro mais barato. Foto: Guto Vital/Agência Miséria |
Alta de preços é explicada por fatores internos e externos
O presidente Jair Bolsonaro, ao passar por Missão Velha, na quinta-feira (17), ouviu um pedido especial de uma moradora, para que houvesse redução no preço do quilo do arroz. O vídeo, que logo viralizou, reflete o cenário atual da alta no preço do arroz e de outros produtos que compõem a cesta básica, como o óleo e a carne.
Um economista consultado pelo Jornal do Cariri explica a elevação do preço e diz que a única alternativa, no momento, é substituir o arroz mais caro por um mais barato. As unidades descentralizadas do Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Decon) no Cariri estão atentas à elevação de preços e podem atuar ao receberem denúncias.
De acordo com o economista Áydano Ribeiro Leite, professor do curso de Economia da Universidade Regional do Cariri (Urca), o aumento do preço do arroz e de outros alimentos e produtos pode ser explicado a partir de fatores internos e externos ao Brasil, “alguns deles associados à própria pandemia”.
Quanto aos internos, explica o economista, o país passa por um período de entressafra do arroz - período entre o fim de uma colheita até o início do novo plantio. “Então, naturalmente há uma queda de produção do produto nesse período”, comenta Áydano.
Além disso, a injeção financeira provocada pelo auxílio emergencial proporciona uma expansão da procura e, por consequência disso, da demanda pelos produtos. “Quando você tem um descompasso entre demanda e oferta você tem, naturalmente, aumento de preços”, ressalta.
Os fatores externos também são relevantes para a elevação de valores. Com o Real desvalorizado e moedas estrangeiras em alta, como o Dólar, produtores brasileiros preferem vender os produtos para outros países, obtendo mais lucros. “Então, esse movimento de expansão das exportações reduz a oferta interna e, consequentemente, você tem aumento de preços”, esclarece o economista.
A demanda da China, maior comprador de produtos da agricultura brasileira, também contribui para a mudança de preços. Áydano Ribeiro Leite pondera que os preços vão se normalizar em algum momento, mas que não é possível prever quando isto vai acontecer.
Como alternativa, ele sugere a substituição de um produto com valor elevado por outro mais em conta e diz que a classe mais pobre é a principal afetada, “porque a maior parcela de sua renda é para despesa com produtos de subsistência, produtos da cesta de alimentos, de primeira necessidade”, conclui.
Decon de olho
Coordenadora da Unidade Descentralizada do Decon de Juazeiro do Norte, a promotora de Justiça Efigênia Coelho revela ter recebido denúncias sobre aumentos supostamente abusivos de alguns produtos. Entretanto não foram relacionados a produtos alimentícios.
“Caso haja denúncias acerca de aumentos abusivos de produtos alimentícios, a coordenadora da UDD determinará fiscalização no local do fornecimento dos produtos e, constatada a prática, vai instaurar procedimento administrativo, com contraditório e ampla defesa e, ao final, comprovado o abuso, aplicará a sanção (pena administrativa) prevista em lei”, diz a promotora.
O consumidor que se sentir lesados por denunciar por meio de e-mail e WhatsApp institucionais ao Decon de Juazeiro do Norte: crdjuaznorte@mpce.mp.br ou (88) 98861.3672.
Reportagem de Robson Rock/Jornal do Cariri