Rompimento em Jati: Transporte da água pelo Eixo Norte do Pisf ocorrerá até o fim do mês, aponta MDR
Legenda: O MDR trabalha com a alternativa de liberar o recurso hídrico pelo vertedouro, o popular “sangradouro” - Foto: Antônio Rodrigues |
A passagem do recurso hídrico em direção a Brejo Santo, Mauriti e cidades da Paraíba e Rio Grande do Norte foi paralisada após rompimento de duto da barragem de Jati, em agosto
Após o rompimento do conduto na barragem de Jati, no município homônimo, há dois meses, o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) planeja a retomada do transporte das águas pelo Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco (Pìsf) até o fim deste mês de outubro. A Pasta trabalha com a alternativa de liberar o recurso hídrico pelo vertedouro, o popular “sangradouro”, do reservatório.
Assim que houve o incidente, o bombeamento na terceira estação de bombeamento (EBI-3), em Salgueiro (PE), foi interrompido e, com isso, a passagem da água pelo Eixo Norte, que possui 260 quilômetros de extensão no total, em direção aos estados vizinhos da Paraíba e do Rio Grande do Norte, também foi paralisada.
Outros sete reservatórios ainda em território cearense receberão as águas do Eixo Norte. De Jati, a água já estava abastecendo o açude Atalho, em Brejo Santo. O recurso hídrico ainda passará por Mauriti, antes de entrar na Paraíba. Já, os testes para o Cinturão das Águas do Ceará (CAC) não foram afetados.
Acidente
O rompimento do conduto aconteceu no último dia 21 de agosto, causando a remoção de 2 mil pessoas de áreas sob risco de rompimento do reservatório. As famílias retornaram apenas 72 horas após o episódio. A situação causou tumulto e, no dia seguinte ao incidente, uma comitiva com o próprio ministro Rogério Marinho, o secretário Nacional da Defesa Civil, o coronel Alexandre Lucas Alves, e o governador Camilo Santana visitou a cidade.
Uma consultoria independente, contratada para investigar as causas do rompimento, no dia último dia 1º de setembro, entregou o relatório preliminar sobre o caso. Porém, as causas do rompimento só serão divulgadas após o MDR receber relatório final da perícia, previsto para o final deste mês, e análise do seu corpo técnico. “Com o resultado da perícia, o responsável será acionado a assumir o prejuízo”, garantiu a pasta.
Momentos antes da ruptura, moradores flagraram, em vídeo, a umidade nas paredes do conduto, além de evasão de líquidos na comporta da barragem, Segundo o geógrafo Clistenes Teixeira, doutor em Geologia com ênfase em mapeamento geotécnico e erosão hídrica pela Universidade Federal do Ceará (UFC), este escoamento de água na lateral da estrutura já indicaria problemas.
A recuperação do duto destruído pela força da água e demais estruturas danificadas pelo rompimento, como a casa de força, ainda não foram iniciadas. Segundo a Pasta, será necessário aguarda a conclusão do relatório final de perícia para prosseguir com a recuperação.
Já a talude da barragem de Jati, atingida com força pela água, foi recuperada após dez dias do episódio. Para este serviço, foram necessários, aproximadamente, 100 máquinas e cerca de 200 trabalhadores, que se revezaram em três turnos.
Serviços continuam
Segundo o MDR, todas as estruturas responsáveis pela passagem de água até o Reservatório Caiçara, na Paraíba, já estão concluídas, restando a recuperação da estrutura para passagem das águas de Jati para Atalho, em Brejo Santo, a execução de um trecho de oito km entre os reservatórios Caiçara e Engenheiro Ávidos, também em solo paraibano, e nos demais trechos apenas serviços complementares “que não comprometem a pré-operação”, ressaltou em nota.
Atualmente, o Eixo Norte do Pisf mobiliza 1.391 pessoas e o total de execução física do Eixo Norte é 97,56%, com previsão de conclusão no final do primeiro semestre de 2021.
Escrito por Antônio Rodrigues/Diário do Nordeste