Mutirão de moradores faz limpeza de canal no distrito de Guassussê, em Orós
Legenda: Moradores de Guassussê, em Orós, fazem três dias de mutirão de limpeza para reduzir poluição de canal - Foto: Wandenberg Belém |
O curso da água, que é oriunda do açude Orós e abastece mais de três mil famílias de localidades ribeirinhas até o açude Lima Campos, está comprometido por lixo, animais mortos e entulho.
Moradores do distrito de Guassussê, na zona rural de Orós, no Centro-Sul cearense, se mobilizaram para limpar o canal que abastece comunidades rurais do entorno da localidade. Nos últimos três dias houve um mutirão de limpeza do escoadouro.
Dezenas de sacos cheios de lixo foram retirados do canal durante a ação voluntária. Socorro Vieira, advogada, mora atualmente em São Luís (MA), mas em passeio ao distrito de Guassussê para rever parentes e amigos, lembrou que “no passado a população era menor e tudo era mais limpo, mas os número de moradores cresceu e não se conscientizou. Jogam plástico e outros produtos no canal”.
Legenda: Trabalho voluntário recolhe dezenas de sacos cheios de lixo do canal que leva água ao distrito de Guassussê, na zona rural de Orós - Foto: Wandenberg Belém |
Socorro resolveu criar um grupo em redes sociais “Guardiães da Natureza”, que mobilizou o trabalho voluntário de limpeza. “Além do lixo, tem terra, entulho e alguns moradores trazem animais para beber água, mas que urinam e defecam no canal que leva água para abastecer as famílias”.
Curso da água
A água é oriunda do açude Orós, o segundo maior do Ceará, e segue o percurso entre as localidades de Pedregulho, Guassussê e Igarói até o açude Lima Campos para abastecer mais de três mil famílias. Balneários que funcionam no percurso, aproveitam a mesma água para banho dos clientes, nos fins de semana.
Apesar de todo esforço e trabalho, ainda há muito lixo poluindo o manancial, como observa a estudante Aparecida Soares dos Santos, 13 anos, que participou do evento coletivo de limpeza. “Há muitas garrafas PETs, de vidro, plástico e até uma televisão encontramos dentro do canal”, contou. “As pessoas jogam lixo na rua que desce para o canal, trazido pelas chuvas”.
Terezinha Laurentino da Silva é dona de casa e moradora da vila Guassussê há mais de quatro décadas, bem em frente ao canal. “A gente puxa água com um balde para lavar roupa, tomar banho e até cozinhar os alimentos porque não tenho água encanada, em casa”, explicou. “A gente espera que venha mais chuva para o Orós para ter mais água e limpar o canal”.
Nas margens da rodovia no entorno do canal é visível o acúmulo de lixo que é descartado de maneira irregular: podas de árvores, carcaças de animais e entulhos de construção contribuem para a poluição.
Para a moradora Diana Oliveira, dona de casa, o problema maior vem da área mais elevada do Guassussê. “As pessoas jogam animais mortos, lixo e tudo desce para cá, mas quando a gente reclama, as pessoas que agridem o meio ambiente ainda questionam se o terreno é nosso”.
Além da poluição, há o assoreamento natural do leito do manancial, que prejudica o armazenamento da água já reduzido. “Se não houver um trabalho maior de limpeza, de fiscalização e de conscientização dos moradores, no futuro próximo o problema vai se agravar ainda mais”, prevê Socorro Vieira. “Precisamos de uma ação educativa”.
A Prefeitura de Orós, por meio de nota, disse que tem “feito esforços no sentido de proibir a prática irregular de descarte de entulhos e resíduos em locais diversos do canal e de seu entorno, e que já determinou ao secretário da pasta para fazer a limpeza do local imediatamente e a colocação de placas proibindo que a população despeje lixo, evitando a poluição do canal”.
Escrito por Honório Barbosa e Wandenberg Belém/Diário do Nordeste