Cariri tem 70% das aves catalogadas em inventário
Soldadinho-do-araripe é uma das espécies exclusivas da região. Foto: Fábio Nunes |
Documento foi lançado pela Secretaria de Meio Ambiente (Sema)
Das 440 espécies de aves catalogadas no Inventário da Fauna do Ceará, lançado pela Secretaria de Meio Ambiente (Sema), 70% – que equivalem ao total 310, existem no Cariri. Delas, apenas algumas são exclusivas da região. O destaque é para o soldadinho-do-araripe e sua parceira, a lavadeira-da-mata. As informações são do biólogo Weber Girão, coordenador da lista de Aves que, para o projeto, teve o apoio dos biólogos Marco Crozariol e Hipólito Xavier. Além de aves, o Inventário elenca ainda os mamíferos, répteis, anfíbios e peixes, com um total de 1.287 espécies catalogadas.
O professor Marcelo Soares, cientista-chefe da Sema, explica que há cerca de seis anos um grupo de pesquisadores se reuniu para criar uma lista de espécies ameaçadas de extinção. Após um tempo, o professor reuniu o grupo, além de outras pessoas e, juntas, decidiram criar um Inventário com informações sobre a fauna e o total de espécies no Ceará. Com o projeto recém-lançado, os próximos passos incluem criar uma lista vermelha com o mapeamento de espécies ameaçadas, assim como criar, para cada uma delas, mapas de distribuição com detalhes específicos.
De acordo com Artur Bruno, secretário do Meio Ambiente no Ceará, o Inventário da Fauna é uma necessidade que remonta há anos. “Para que o poder público possa desenvolver políticas de preservação das espécies, é necessário primeiro conhecer quais espécies animais existem no estado do Ceará”, enfatiza. O trabalho foi elaborado por pesquisadores de diferentes áreas e é aberto para a inclusão de novas espécies. Com a lista vermelha, Artur conta ser possível criar políticas de preservação específicas para evitar a extinção dos animais, estimular a reprodução das espécies, orientar no licenciamento ambiental e contribuir no combate ao tráfico e caça de animais silvestres. “O Cariri é um dos locais mais ricos para a fauna do estado do Ceará, sobretudo por causa da floresta da chapada do Araripe, que é uma área bastante preservada”, observa, ao afirmar que a Sema está concluindo um convênio com a Universidade Regional do Cariri (Urca) para a criação de cinco novas Unidades de Conservação, que garantirão a preservação da fauna e da flora.
Unidades de Conservação
Conforme apresentou Weber Girão, o Cariri cearense conta com duas Unidades de Conservação federais: a Floresta Nacional do Araripe/Apodi e a Área de Proteção Ambiental (Apa) Chapada do Araripe. “Ambas recobrem quase a totalidade das florestas habitadas pelo Soldadinho-do-Araripe e pela Lavadeira-da-Mata”, destaca o biólogo, ao dizer que ainda é necessário aperfeiçoar o combate aos incêndios florestais e é preciso que a sociedade colabore para minimizar o início dos focos.
Ele conta que, enquanto em Crato existe um recurso que deveria ser empregado para ajudar proprietários que protegem florestas onde existem nascentes, a nível regional a política ambiental local tem sido enfraquecida por desrespeito ao Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano. “Entre os municípios de Missão Velha, Barbalha e Crato, apenas o último tem recebido o Selo Verde do Governo do Ceará, mesmo com problemas. Os demais ainda têm muito a trilhar para que não sigamos perdendo nossa biodiversidade”, finaliza Weber.
JOAQUIM JÚNIOR/JORNAL DO CARIRI