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Desembargador cearense do TRF-5 autoriza produtora de medicamentos à base de maconha

Desembargador cearense do TRF-5 autoriza produtora de medicamentos à base de maconha

A Abrace Esperança é associação que produz medicamento com uso de canabidiol na Paraíba (Foto: Divulgação/Getty Images)

Na última quarta-feira, 3, Cid Marconi visitou duas unidades da Abrace em João Pessoa, capital da Paraíba, para compreender melhor o modo de cultivo e extrato da matéria-prima e o funcionamento da entidade

O desembargador Cid Marconi, integrante do Tribunal Regional Federal da 5.ª Região (TRF-5), com sede no Recife, autorizou o funcionamento da Associação Brasileira de Apoio Cannabis Esperança (Abrace), empresa paraibana que produz medicamentos em formatos de spray nasal, pomada ou óleo à base da maconha. Estes itens beneficiam cerca de 14.400 pacientes no Brasil, afetados por doenças como epilepsia, Alzheimer e Parkinson. As informações são do Jornal do Commercio.

A Agência Nacional de Vigilância (Anvisa) indicou um possível descumprimento das regras de produção dos remédios por parte da Abrace, cujas atividades foram suspensas em 25 de fevereiro último. A entidade negou as acusações e comunicou ao TRF-5 que tenta formalizar uma licença de funcionamento desde 2017, mas não obteve resposta da Anvisa até o momento.

Na última quarta-feira, 3, Marconi visitou duas unidades da Abrace em João Pessoa, capital da Paraíba, para compreender melhor o modo de cultivo e extrato da matéria-prima e o funcionamento da entidade. “Impressiona a relevância e eficácia dos extratos no tratamento de sintomas e das próprias doenças que afligem severamente os associados da autora, ainda que esse dado tenha sido colhido de forma empírica, sem a cientificidade que é desejável num caso como o presente”, afirmou ele.

Cassiano Teixeira, diretor da Abrace, celebrou a decisão, pois a produção da empresa poderá fornecer os tratamentos necessários para pacientes de todo o País. “Por mês, são mais de 1.200 pessoas atendidas. No Brasil, ao todo, ajudamos mais de 14.400 pacientes. Nesses anos, fizemos um grande investimento, aprimoramos laboratório, equipamentos modernos, para que pudéssemos funcionar de maneira correta e ajudando mais pessoas”, disse.

Em entrevista ao portal recifense JC, Maria Eduarda Tassi Martins, de 34 anos, relatou os benefícios ofertados pelo tratamento à base do canabidiol ao seu filho, Vincenzo Tassi, de 7 anos, que tem má formação cerebral e chegou a apresentar até 50 crises de epilepsia por dia.

“No começo, usamos várias medicações, mas nenhuma teve o efeito esperado para controle de crise. As medicações chegaram a diminuir as crises, que eram 50 por dia, para 16, 17, mas em contrapartida trouxeram muitos efeitos colaterais. Ele vivia sonolento, não conseguia acompanhar as terapias, não sorria. Quando ele completou 1 ano e um mês, tentei o tratamento com a cannabis. Procuramos a Abrace, usamos tratamento com óleo e, já primeiros dias, vimos melhoria: saímos de 17 crises para 2, 3 por dia”, relatou ela.

Também ao JC, a doutora e mestra em Biologia Vegetal pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Larissa Trigueiros, explicou o uso de canabidiol no tratamento de pacientes: “Quando se fala em autorizar o uso, muita gente acha que é a planta. No entanto, o que se quer é a autorização para a fabricação do óleo, que ajuda por exemplo as crianças com microcefalia, pois evitam as crises de convulsão. Os estudos mostram também resultados no tratamento de pessoas com Alzheimer, pois há alívio nos sintomas da doença”.

Por MATEUS BRISA/O POVO ONLINE


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