Com auxílio emergencial, renda do cearense chegou a R$ 1,6 mil e foi a 3ª maior do Nordeste em 2020
Legenda: No ano passado, o Governo Federal pagou nove parcelas do benefício, sendo as cinco primeiras de R$ 600 - Foto: Agência Diário |
Segundo o IBGE, a média de rendimentos no Estado cresceu R$ 69 em comparação com o ano anterior
Mesmo em meio à pandemia da Covid-19, a renda mensal do cearense cresceu 4,3% em 2020 e alcançou média de R$ 1.667. A leve variação, impulsionada pelo auxílio emergencial, garantiu ao Estado o terceiro maior ganho do Nordeste.
As informações são da Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílio Ampla (Pnad Contínua) divulgada nesta sexta-feira (19) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em 2019, o rendimento no Ceará havia ficado em R$ 1.598, R$ 69 a menos que no ano passado.
Especialistas apontam o auxílio emergencial como o fator determinante para o resultado.
CONFIRA A EVOLUÇÃO DA RENDA MENSAL NO CEARÁ:
No ano passado, o Governo Federal pagou nove parcelas do benefício, sendo as cinco primeiras de R$ 600, podendo chegar a R$ 1.200 para mulheres chefes de família. As outras quatro parcelas tiveram valor médio de R$ 300.
Segundo dados do Ministério da Cidadania, 3,5 milhões de pessoas eram elegíveis ao benefício no Estado, sendo 1,6 milhão que recebiam o Bolsa Família, 612,4 mil que já constavam no Cadastro Único e 1,3 milhão que se cadastraram no aplicativo da Caixa.
Ao todo, foram repassados R$ 15,21 bilhões ao Ceará para o pagamento do auxílio emergencial em 2020.
3ª MAIOR RENDA DO NORDESTE
Com a elevação, o Ceará fechou o ano com a terceira maior média de rendimentos do Nordeste, atrás apenas de Sergipe (R$ 1.677) e do Rio Grande do Norte (R$ 1.768).
Confira o ranking de rendimento no Nordeste:
- Rio Grande do Norte: R$ 1.768
- Sergipe: R$1.677
- Ceará: R$ 1.667
- Bahia: R$ 1.602
- Pernambuco: R$ 1.570
- Paraíba: R$ 1.491
- Alagoas: R$ 1.427
- Piauí: R$ 1.399
- Maranhão: R$ 1.270
Ainda assim, o Estado tem o 9º pior rendimento do País, à frente apenas de Amazonas (R$ 1.644) e do Pará (R$ 1.546), além de Maranhão, Piauí, Alagoas, Paraíba, Pernambuco e Bahia.
A média nacional no ano ficou em R$ 2.213 - R$ 546 a mais que o registrado no Ceará.
RESULTADO ESPERADO
O coordenador do Laboratório de Estudos da Pobreza (LEP) da Universidade Federal do Ceará (UFC), Vitor Hugo Miro, pontua que esse aumento no rendimento médio já era esperado e apontado por outras estatísticas prévias.
Segundo ele, o benefício, principalmente em seu valor inicial, foi o que contribuiu para essa tendência.
"Em grande medida, quando a gente considera que nesse período nós tivemos redução do rendimento do trabalho, esse movimento (de aumento da renda) é explicado pelo auxílio emergencial"
VITOR HUGO MIRO
Coordenador do LEP/UFC
Miro também lembra que outro indicador influenciado diretamente pelo pagamento do benefício é a renda domiciliar per capita, variável inclusive utilizada para calcular índices de desigualdade e pobreza.
REDUÇÃO DA CONCORRÊNCIA
O coordenador do curso de Economia Ecológica da UFC, Aécio Alves de Oliveira, reitera a teoria e destaca que a redução da concorrência entre pequenos negócios pode ter gerado essa maior concentração.
Segundo ele, muitos pequenos empreendedores não resistiram ao lockdown, de forma que a demanda, que permaneceu estável, se concentrou nos negócios que conseguiram resistir, o que acaba elevando a média de ganhos.
"Em alguns casos, o consumo até aumentou, porque as famílias tinham mais recursos disponíveis. Dependendo da composição familiar, os beneficiários chegavam a receber R$ 1,2 mil por parcela", afirma.
Além disso, contando ainda com reservas financeiras, as empresas não realizaram demissões logo de cara.
Posteriormente, o Governo Federal autorizou a suspensão dos contratos de trabalho e redução de jornada que contribuiu para a manutenção dos empregos formais.
Escrito por Carolina Mesquita/Diário do Nordeste