Entenda por que um arranjo de luxo chega custar mais de R$ 4 mil
Flores e plantas ornamentais estão ganhando cada vez mais espaço nos hábitos de consumo — Foto: Pexels |
Espécies que são tendência e corrida para aumentar a durabilidade são fatores que encarecem os produtos. g1 conheceu bastidores desta indústria e listou fatores que impactam nos preços.
O setor de flores movimenta mais de R$ 10 bilhões por ano e o Brasil está entre os 15 maiores produtores do mundo.
A sensibilidade das plantas e a corrida contra o tempo para conservar a beleza das pétalas encarecem a produção e podem pesar no bolso do consumidor.
Muitas opções acompanham as tendências da moda, por exemplo, no mercado de luxo um arranjo de rosas vermelhas colombianas pode chegar a R$ 4,7 mil.
Embalagens utilizadas para decoração e proteção impactam no valor do produto — Foto: Pexels |
Por que as flores são tão caras?
O g1 visitou os bastidores da produção de flores em São Paulo e Minas Gerais e conversou com especialistas sobre os fatores que influenciam esse mercado (veja abaixo).
Veja a seguir em cinco tópicos por que um enfeite com apenas uma rosa ou até mesmo um arranjo de flores que você comprou podem custar tão caro.
- 1. 🌹 Delicadeza e variedades
- 2. 🚚 Logística
- 3. 📅 Datas comemorativas
- 4. 📉 Pandemia
- 5. 💪 Insumos e melhoramentos
1. 🌹 Delicadeza e variedades: Como são perecíveis, muitas flores demandam bastante cuidado para aumentar a durabilidade.
As rosas, por exemplo, após o corte são acondicionadas em tambores com água e recebem soluções conservantes.
Depois, passam a ficar armazenadas dentro de câmara fria e seguem em ambientes refrigerados até mesmo no transporte e nas floriculturas.
Segundo o produtor Anderson Esperança, de Andradas (MG), os processos têm como objetivo aumentar a longevidade da flor, evitando o escurecimento das pétalas e o aspecto de bordas queimadas.
Após a colheita, a durabilidade estimada de uma rosa de alto padrão é de até 15 dias e custa, em média, R$ 4.
As embalagens utilizadas para decoração e proteção impactam no valor do produto. A popularidade da flor relacionada à cor, às formas e às texturas também agregam valor.
Como são perecíveis, muitas flores demandam bastante cuidado durante a produção — Foto: Pexels |
2. 🚚 Logística: Muitas plantas podem viajar por diferentes continentes até chegar às floriculturas no Brasil.
Entre 2017 e 2021, 63,5% das importações das floriculturas foram de mudas de orquídeas, sendo a maioria importada da Holanda.
Para as rosas, os vizinhos sul-americanos Colômbia e Equador ganham relevância no mercado internacional de flores de corte (que são usadas para decoração, buquês e arranjos).
- Importação de rosas
No mercado especializado em rosas de luxo, o consumidor tem opção de adquirir rosas que podem durar pelo menos três anos dentro de uma cúpula de vidro.
Neste estilo, a flor da espécie Bella, que é conhecida como ícone do filme da Disney “A Bela e a Fera”, é importada do Equador e vendida no Brasil a R$ 350.
Há opções em boutiques de designer floral, em que um arranjo com vaso em cristal com dezenas de rosas vermelhas colombianas com a durabilidade média de sete dias pode chegar a R$ 4.770.
Rosa Bella na cúpula de vidro (à esq.) e arranjo com rosas colombianas (à dir.) — Foto: Reprodução/ Redes sociais |
Ao considerar a indústria nacional, o local onde a flor é produzida, negociada e entregue também reflete nesta composição.
“Alguns produtos precisam ser transportados entre os estados e isso acaba sendo feito via aérea, daí realmente o custo impacta bastante na formação do preço”, afirma o diretor do Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), Renato Opitz.
3. 📅 Datas comemorativas: O tempo e o investimento que os agricultores gastam para cumprir os prazos próximos às datas comemorativas como Dia das Mães, das mulheres e dos namorados, também estão neste checklist.
“Se tem uma transição de clima muito forte entre maio e junho, afeta o metabolismo da roseira, diminui a demanda e os preços acabam disparando. Nos meses de janeiro e fevereiro, que são quentes, tem produção alta, só que a demanda não é tão expressiva”, detalha o produtor.
Procura por flores aumenta nos dias da Mulher, das Mães e dos Namorados — Foto: Pexels |
4. 📉 Pandemia: Segundo Lídia Swart, do Grupo Swart, que produz rosas e kalanchoes em Holambra (SP), Andradas (MG) e em Ubajara (CE), a demanda reprimida dos anos de pandemia somada à queda de produção de flores provocou um “boom” nos preços.
“Como não havia comercialização, alguns produtores optaram ou tiveram que parar a produção, pois não tinham condições financeiras para mantê-las. A produção de flores ainda não está em dia, pois algumas culturas levam até 2 anos para começar a produzir”, disse Lídia.
5. 💪 Insumos e melhoramentos: Os aumentos nos preços dos insumos, como fertilizantes e produtos para combater pragas, além das despesas com melhoramentos, são mais fatores que influenciam na cadeia de flores.
"Para termos uma variedade que seja aprovada e colocada em produção, vai anos, e isso tem custo, além de que o produtor deve pagar os royalties ao breeder [melhorador] pelo desenvolvimento”, completa Lídia.
Insumos e despesas com melhoramentos são mais fatores que influenciam na cadeia de flores — Foto: Pexels |
Quais plantas são mais vendidas no Brasil?
Segundo o Ibraflor mais de 2,5 mil espécies com cerca de 17,5 mil variedades são cultivadas no país. Confira abaixo quais são as plantas mais vendidas:
- Flores sem as raízes: rosas, astromélias, lírios e crisântemos.
- Plantas cultivadas em vasos: orquídeas, antúrios, azaléias, kalanchoes, violetas, crisântemos, antúrios e roseiras.
- Plantas ornamentais: suculentas, cactos e samambaias.
O PIB desta cadeia de flores e plantas ornamentais foi de R$ 7,16 bilhões em 2017 e, quando deflacionado, a preços atuais, é de R$ 9,1 bilhões.
Os dados foram divulgados em agosto pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), em parceria com o Ibraflor.
De 2020 para 2021, o mercado de flores no país cresceu 15% de acordo com a Ibraflor. Ao todo, foram R$ 10,9 bilhões em faturamento pela cadeia produtiva no ano passado, frente à R$ 9,6 bilhões do ano anterior.
Por Anaísa Catucci, g1