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Produtos para alisar o cabelo mais que dobram o risco de câncer de útero, alerta estudo

Produtos para alisar o cabelo mais que dobram o risco de câncer de útero, alerta estudo

Produtos para alisar o cabelo aumentam risco de câncer de útero.Produtos para alisar o cabelo aumentam risco de câncer de útero. FreePik

Dados de 30 mil mulheres acompanhadas por uma década indicaram que incidência do tumor é maior entre aquelas que utilizam as substâncias mais de quatro vezes ao ano.

Produtos usados para alisar o cabelo aumentam o risco de câncer de útero, revelou um novo estudo publicado na revista científica Journal of the National Cancer Institute. De acordo com os pesquisadores americanos, o alerta é especialmente relevante para as mulheres negras, que representam a maioria dos usuários de produtos de alisamento nos Estados Unidos. Cientistas independentes elogiaram o estudo e pediram mais pesquisas para confirmar as descobertas.

De acordo com o trabalho, mulheres que usam os produtos mais de quatro vezes por ano têm o dobro da probabilidade de desenvolver câncer de útero, principalmente na região do endométrio. Associações semelhantes não foram encontradas em outros produtos capilares, como tinturas, descolorantes, substâncias para realização de luzes ou permanentes.

"Estimamos que 1,64% das mulheres que nunca usaram um produto para alisar o cabelo terão desenvolvido câncer de útero aos 70 anos. Mas, para as usuárias frequentes (desses produtos), esse risco aumenta para 4,05%", avalia, em comunicado, a pesquisadora Alexandra White, principal autora do estudo. "A duplicação dessa taxa é preocupante", acrescenta.

O câncer uterino representa cerca de 3% dos novos casos de tumores nos Estados Unidos a cada ano, sendo o mais comum do sistema reprodutor feminino. O prognóstico costuma ser bom se detectado de forma precoce, mas o tratamento geralmente envolve a remoção do útero, o que impossibilita a gravidez.

O novo estudo se baseia em dados de 33,5 mil mulheres americanas, acompanhadas por quase 11 anos. Como as mulheres negras utilizam esses produtos com mais frequência e tendem a começar mais jovens, "esses resultados podem ser particularmente interessantes para elas", disse a pesquisadora Che-Jung Chang, co-autora do trabalho.

Aproximadamente 60% das mulheres que afirmaram ter usado produtos para alisar o cabelo no ano passado nos Estados Unidos se identificaram como negras.

‘Alisamento brasileiro’

"O preocupante é que existem substâncias químicas nesses produtos que agem essencialmente como estrogênio no corpo", diz White. Essa ação interrompe os processos hormonais normais, o que pode influenciar o risco de câncer, afirma.

A segunda possibilidade levantada é a de que alguns produtos tenham substâncias cancerígenas, como o formaldeído (formol), para quebrar as ligações entre as proteínas da queratina do cabelo, alterando sua estrutura e assim alisando-o.

O tratamento de queratina conhecido nos EUA como "alisamento brasileiro" era popular quando as mulheres se inscreveram neste estudo, entre 2003 e 2009. No entanto, seu uso diminuiu consideravelmente desde então.

Os pesquisadores não coletaram informações sobre produtos e marcas específicas, mas apontam que várias substâncias químicas presentes nesses tipos de produtos podem contribuir para o aumento do risco de câncer. Além do formaldeído, o estudo cita também parabenos, bisfenol A e metais.

Em comparação com outras categorias, os produtos para alisar o cabelo podem promover a absorção de substâncias químicas por meio de lesões ou queimaduras no couro cabeludo, ou através do uso de chapinhas, cujo calor decompõe as substâncias, aponta o estudo.

Outros estudos já estabeleceram uma ligação entre alisadores e um maior risco de câncer de mama.

Fonte: Jornal O Globo

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