Briga por talentos: com vagas sobrando no Brasil, este setor paga salários de até R$35 mil
(Getty Images/Reprodução) |
Pesquisa estima que, em 10 anos, mais de 22 milhões de empregos serão criados em setor cuja remuneração já varia entre R$ 6 mil e R$ 35 mil mensais
Você deve se lembrar que, apesar da alta demanda por máscaras descartáveis, luvas de proteção e álcool em gel (hoje facilmente encontrados em farmácias, mercados e sites de compra de todo o país), no início da pandemia a oferta destes produtos ainda era escassa. O que fez com que clientes disputassem as poucas unidades disponíveis nas prateleiras e os preços subissem consideravelmente.
Dados da plataforma JáCotei mostraram, por exemplo, que o preço médio de um frasco de álcool em gel de 500 ml chegou a disparar 161% na primeira semana de março de 2020, saltando de R$ 16,06 para R$ 41,99.
Esse movimento pode ser explicado com a ajuda de um dos princípios fundamentais da economia clássica: a lei da oferta e demanda – segundo a qual, preço e procura se relacionam em proporção inversa. Ou seja, quanto menor for a oferta de determinado produto, mais alto será o seu valor e vice-versa.
A mesma premissa é replicada no mercado de trabalho: quanto menos profissionais preparados e disponíveis para atuar em determinada área, mais altos tendem a ser os salários oferecidos pelas empresas para atraí-los. Foi isso que aconteceu com os profissionais de TI no início da década de 1990 (quando as empresas corriam para iniciar seus processos de digitalização) e que acontece agora com as profissões verdes, resultado da crescente pressão da sociedade para que as empresas se tornem ambiental e socialmente mais responsáveis a fim de frear as mudanças climáticas.
Nesse cenário, uma nova profissão se destaca: a carreira em ESG – que, carente de mão-de-obra qualificada, já paga salários na casa dos R$10 mil para cargos de entrada e de até R$35 mil para posições mais estratégicas, segundo dados da consultoria Robert Half.
Salários para a posição de Head de ESG, de acordo com o nível de experiência do candidato (Guia Salarial Robert Half 2023/Reprodução) |
“Os indicadores do ESG estão cada vez mais conquistando espaço e relevância no mercado financeiro atual, sendo indispensáveis para a tomada de decisões no universo corporativo. O profissional preparado para lidar com as questões ESG é cada dia mais procurado e valorizado, mas faltam pessoas especialistas no tema”, diz um trecho da edição mais recente do tradicional Guia Salarial da Robert Half.
Segundo o mesmo material, mais da metade (55%) das empresas brasileiras sofre atualmente com essa escassez de especialistas em ESG. Não à toa, a faixa salarial ofertada para estes profissionais chama a atenção.
Conteúdo gratuito: clique aqui para saber como se tornar um especialista em ESG e aproveitar a alta demanda do mercado para alcançar cargos e salários mais altos
Afinal, o que faz um analista de ESG?
Do inglês, environmental, social and governance, a sigla ESG diz respeito a um conjunto de práticas adotadas pelas empresas em prol de uma operação com menos impactos negativos para o meio ambiente, mais positivo para a sociedade e que ajude a tornar a governança corporativa mais responsável e transparente com relação a sua tomada de decisões.
Assim, o profissional de ESG é aquele que conhece estas práticas e fica responsável por planejar e monitorar sua implementação – garantindo que o discurso sustentável seja, de fato, colocado em prática nas organizações.
De acordo com um levantamento realizado pela consultoria Accenture, a expectativa é de que 22,5 milhões de empregos na área sejam criados nos próximos 10 anos.
Reportagem de Isabel Rocha/Agência Exame