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Remédio para COVID-19 raro no SUS deve custar R$ 2.700

Remédio para COVID-19 raro no SUS deve custar R$ 2.700

Foto: Shutterstock

O Paxlovid acabou de ser autorizado pela Anvisa; apenas 100 mil doses foram encomendadas

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Recentemente autorizado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para ser vendido em farmácias, o Paxlovid —um remédio comprovadamente eficaz contra a COVID— deve chegar às prateleiras custando R$ 2.700.

Como o governo federal encomendou até agora apenas 100 mil doses do medicamento da Pfizer para distribuir a toda rede pública de saúde, o tratamento pode acabar "elitizado", avalia o vice-presidente da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), Alexandre Naime.

Com eficácia de 89% contra hospitalização e morte de idosos e pessoas com baixa imunidade, o Paxlovid foi aprovado nos Estados Unidos em dezembro do ano passado. Um mês antes, porém, o governo americano já anunciava a compra de 10 milhões de doses.

No Brasil, a Anvisa aprovou o remédio em março. Em maio, sua distribuição no SUS foi aprovada, mas, em agosto, o governo ainda estava em "tratativas" para a compra.

Na ocasião, a Pfizer disse ter "capacidade de produção suficiente" para atender "as necessidades brasileiras".

Quando o negócio foi fechado, o governo comprou 100 mil doses para distribuir entre os 26 estados e Distrito Federal. Apenas 50 mil foram entregues em 29 de setembro, enquanto o restante está previsto para chegar "no início de 2023", disse à reportagem o Ministério da Saúde.

Até agora, mais de 30 milhões de doses foram distribuídas a 43 países.

Enquanto o governo aguarda o restante da remessa, a Anvisa autorizou, em 21 de novembro, a venda do Paxlovid em farmácias e hospitais particulares.

A Pfizer disse à reportagem buscar "disponibilizar o medicamento o mais rapidamente possível" à rede privada, mas não estimou data ou preço.

Para o governo dos Estados Unidos, cada tratamento, que dura cinco dias, custou US$ 530 (R$ 2.700 em valores de hoje). Na França, saiu por R$ 2.800.

"Vai se criar um mercado elitizado", aposta Maine, que além de vice-presidente da SBI é pesquisador e professor de infectologia da Unesp (Universidade Estadual Paulista).

A indústria farmacêutica, por saber que a encomenda pública é pequena, pediu para vender no privado, o que já foi autorizado e deve chegar às farmácias em dezembro.Alexandre Naime, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia

Convidado pelo governo federal eleito a ajudar na transição, Naime disse que em reunião em novembro sugeriu "ao governo de transição que faça acordos com laboratórios para comprar quantitativos mais elevados".

"Agora que tem remédio comprovado e aprovado, tem de usar", defende.

Especialista em direito médico, o advogado Washington Fonseca diz que "sem dúvida é uma quantidade muito pequena", mas lembrou que a demanda "mundo afora é grande" e é preciso "verificar quanto a Pfizer disponibilizou ao governo", pergunta que nem o o Ministério da Saúde nem a Pfizer responderam.

O advogado diz, no entanto, que "o SUS deve ser privilegiado" porque quem depende dele não terá dinheiro para comprar.

COMO FUNCIONA O REMÉDIO?

Ele é composto por dois medicamentos ingeridos simultaneamente: cada dose contém dois comprimidos do nirmatrelvir, de cor rosa, e um do ritonavir, branco.

Enquanto o primeiro inibe a liberação das proteínas de replicação do vírus, o segundo diminui a assimilação do primeiro comprimido pelo organismo, que, em maior quantidade no sangue, combate o vírus.

Precisa de receita médica? Sim, para comprar o Paxlovid na farmácia será preciso apresentar receita médica.

QUANDO RECEITÁ-LO?

Segundo o infectologista, o remédio deve ser ingerido apenas nos cinco primeiros dias de sintomas e é recomendado ao paciente com quadro moderado de Covid, desde que idoso ou tenha mais de 18 anos com comorbidade comprovada.

O remédio é ideal para idosos e imunossuprimidos porque podem ter Covid grave mesmo vacinados com as quatro doses. São grupos que não produzem anticorpos como o restante da população."Alexandre Naime, infectologista

Por quanto tempo tomar? Duas vezes ao dia por cinco dias na maioria dos casos.

QUAIS AS CONTRAINDICAÇÕES?

  • Tomar os comprimidos após o quinto dia de sintomas;
  • Pacientes com menos de 40 kg;
  • Pessoas com insuficiência renal grave, insuficiência hepática grave ou suspeita de cirrose.

QUEM DEVE TER PRECAUÇÃO?

Gestantes, lactantes, pacientes com insuficiência renal moderada, com intolerância à lactose e diabéticos.

EXISTEM EFEITOS ADVERSOS?

As reações mais frequentes em menos de 1% dos casos são:

  • Diarreia
  • Dor de cabeça
  • Hipertensão arterial
  • Náusea
  • Vômito

Reportagem de Wanderley Preite Sobrinho - Folhapress

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