Uece oferece 8,7 mil vagas em cursos EaD sobre educação racial e quilombola.
Legenda: Curso é voltado a professores do ensino básico, etapa cujos currículos devem, por lei, incluir questões raciais nas salas de aula - Foto: Direitos autorais: © HELENE SANTOS/ GOV DO CEARA |
Aulas serão gratuitas e na modalidade de Educação a Distância (EaD); veja como se inscrever
A Universidade Estadual do Ceará (Uece) está com inscrições abertas para dois cursos de extensão voltados ao letramento racial. A iniciativa oferece .750 vagas destinadas a professores que atuam em salas de aula do ensino básico no Ceará. As aulas serão realizadas no formato online, facilitando o acesso e a participação dos educadores.
Os cursos serão de Extensão em Docência e Gestão em Educação para Relações Étnico-Raciais (ERER) e Educação Escolar Quilombola (EEQ), na modalidade EaD. Os candidatos devem ser, necessariamente, professores da educação básica no exercício da docência em sala de aula. O edital já está disponível para consulta.
A iniciativa é nacional, uma parceria entre a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e o Ministério da Educação (MEC), e a formação será realizada por meio da Universidade Aberta do Brasil (UAB). A mediação aos cearenses é pela Uece.
Os interessados podem se inscrever a partir de amanhã (12). As aulas terão carga horária total de 120 horas, com início em março de 2025.
De acordo com a Capes, as aulas ficarão disponíveis no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), e os cursos serão compostos por quatro módulos:
- Panorama Étnico-Racial e Quilombola Brasileiro;
- Culturas e territorialidades;
- Educação Antirracista na Prática;
- Gestão Democrática para a Diversidade.
A formação deve incluir discussões sobre sistemas de avaliação, criação de projetos políticos pedagógicos e atividades pedagógicas que transformem o ambiente escolar e as relações entre professores, alunos e comunidade.
A ação faz parte do Eixo 03 da Política Nacional de Equidade, Educação para as Relações Étnico-Raciais e Educação Escolar Quilombola, estabelecida pela Portaria n° 470 de 14 de maio de 2024), do MEC.
O objetivo do curso, como reforça a Capes, “é fomentar o letramento racial de profissionais que atuam na educação básica e contribuir para a formação de professores e gestores de acordo com os princípios da Educação para as Relações Étnico-Raciais (ERER) e Educação Escolar Quilombola (EEQ)”.
“A formação também visa promover o desenvolvimento de conhecimentos, saberes e práticas pedagógicas que valorizem tradições, culturas e línguas ancestrais ligadas à presença negra e quilombola”, acrescenta a coordenação.
Temas são obrigatórios em currículo escolar
O tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), os “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”, levantou a discussão sobre a abordagem do tema nas salas de aula do ensino básico brasileiro.
Duas leis federais versam sobre a temática, que é regulamentada pelo Conselho Nacional de Educação (CNE):
- Lei nº 10.639, de 2003: institui a obrigatoriedade do ensino da História da África e da Cultura Afro-brasileira nas escolas públicas e privadas.
- Lei nº 11.645, de 2008: incluiu o ensino da História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena no currículo oficial das redes de ensino públicas e particulares.
Educadores e até gestores são unânimes, porém, ao reconhecer que os currículos não incluem a ERER e a EEQ de forma sistemática e adequada, como mostrou reportagem do Diário do Nordeste.
*Reportagem Theyse Viana/Agência Diário do Nordeste/SVM